sexta-feira, julho 31, 2009

Li essa crônica há alguns anos trás, acho que 1997, 1998. Me marcou, imaginava como seria sem meu Vini e como Carlos Drummond conseguiu escrever tudo que eu gostaria de escrever nessa crônica. Um dia o Vini não voltou, até hj espero ele voltar, ouço um miado, lembro dele. Hoje tenho o Nenen, meu amor, o tempo passa e o medo que tenho de perdê-lo aumenta sempre.



Perde o gato

Carlos Drummond de Andrade


Um jornal é lido por muita gente, em muitos lugares; o que ele diz precisa interessar, senão a todos, pelo menos a um certo número de pessoas. Mas o que me brota espontaneamente da máquina, hoje, não interessa a ninguém, salvo a mim mesmo. O leitor, portanto, faça o obséquio de mudar de coluna. Trata-se de um gato.

Não é a primeira vez que o tomo para objeto de escrita. Há tempos, contei de Inácio e de sua convivência. Inácio estava na graça do crescimento, e suas atitudes faziam descobrir um encanto novo no encanto imemorial dos gatos. Mas Inácio desapareceu ? e sua falta é mais importante para mim, do que as reformas do ministério.

Gatos somem no Rio de Janeiro. Dizia-se que o fenônemo se relacionava com a indústria doméstica das cuícas, localizada nos morros. Agora ouço dizer que se relaciona com a vida cara e a escassez de alimentos. À falta de uma fatia de vitela, há indivíduos que se consolam comendo carne de gato, caça tão esquiva quanto a outra.

O fato sociolóligo ou econômico me escapa. Não é a sorte geral dos gatos que me preocupa. Concentro-me em Inácio, em seu destino não sabido.

Eram duas da madrugada quando o pintor Reis Júnior, que passeia a essa hora com o seu cachimbo e o seu cão, me bateu à porta, noticioso. Em suas andanças, vira um gato cor de ouro como Inácio ? cor incomum em gatos comuns ? e se dispunha a ajudar-me na captura. Lá fomos sob o vento da praia, em seu encalço. E no lugar indicado, pequeno jardim fronteiro a um edifício, estava o gato. A luz não dava para identificá-lo, e ele se recusou à intimidade. Chamados afetuosos não o comoveram; tentativas de aproximação se frustaram. Ele fugia sempre, para voltar se nos via distantes. Amava.

Seria iníquo apartá-lo do alvo de sua obstinada contemplação, a poucos metros. Desistimos. Se for Inácio ? pensei ? dentro de um ou dois dias estará de volta. Não voltou.

Um gato vive um pouco nas poltronas, no cimento ao sol, no telhado sob a lua. Vive também sobre a mesa do escritório, e o salto preciso que ele dá para atingi-la é mais do que impulso para a cultura. É o movimento civilizado de um organismo plenamente ajustado às leis físicas, e que não carece de suplemento de informação. Livros e papéis, beneficiam-se com a sua presteza austera. Mais do que a coruja, o gato é símbolo e guardião da vida intelectual.

Depois que sumiu Inácio, esses pedaços da casa se desvalorizaram. Falta-lhes a nota grave e macia de Inácio. É extraordinário como o gato “funciona” em uma casa: em silêncio, indiferente, mas adesivo e cheio de personalidade. Se se agravar a mediocridade destas crônicas, os senhores estão avisados: é falta de Inácio. Se tinham alguma coisa aproveitável era a presença de Inácio a meu lado, sua crítica muda, através dos olhos de topázio que longamente me fitavam, aprovando algum trecho feliz, ou através do sono profundo, que antecipava a reação provável dos leitores.

Poderia botar anúncio no jornal. Para quê? Ninguém está pensando em achar gatos. Se Inácio estiver vivo e não seqüestrado, voltará sem explicações. É próprio do gato sair sem pedir licança, voltar sem dar satisfação. Se o roubaram, é homenagem a seu charme pessoal, misto de circunspeção e leveza; tratem-no bem, nesse caso, para justificar o roubo, e ainda porque maltratar animais é uma forma de desonestidade. Finalmente, se tiver de voltar, gostaria que o fizesse por conta própria, com suas patas; com a altivez, a serenidade e a elegância dos gatos.



Eu e meu nenen - 2008

segunda-feira, julho 20, 2009

Dia 20 de julho.

Esse dia me traz muitas lembranças, acho que dou muita importância ao passado e tudo que faço no presente é pensando em meu futuro, no amanhã. Não sei se é bom ser assim... Mas quero deixar alguma coisa. Nesse dia me lembro muito da minha família, de como tudo era bom e de como ficou ruim e estranho,aí penso nos meus gatos e cachorros e me sinto feliz e mais viva.
Não sei explicar, não sei escrever o que sinto, não sei. Ás vezes sinto uma tristeza muito grande dentro de mim e isso é desde que me conheço por gente, acho que essa tristeza está em mim, nasceu comigo. Nunca fui uma criança muito "feliz",feliz no sentido de correr, brincar, gritar... sempre fui quieta demais, com poucos amigos, com muitos gatos, eu sempre fui eu. Acho que com o passar do tempo só consegui disfarçar um pouco a minha timidez e até fui capaz de me tornar uma professora. Coisa aliás que me orgulho muito, hoje posso dizer que sou Professora de Artes e vou sempre me orgulhar disso.
Completar anos para mim não é muito fácil, tenho medo da idade, sempre tive... qdo completei 10 anos entrei em crise pq já não bastaria usar as duas mãos para simbolizar a minha idade... sempre foi difícil e confesso que qto mais o tempo passa, mais difícil fica.

Quanto mais o tempo passa, maiores são as lembranças.





Esse é um quadro que meu amigo Antonio continuará, no esquema de trabalhos coletivos.
Por enquanto, utilizei: acrilica, spray e colagem sobre painel.

Esse fiz antes no meu caderno de desenhos, depois qdo eu scannear coloco a imagem original.

sexta-feira, julho 03, 2009

Tá complicado desenhar, complicado no sentido de que não sei muito bem o que fazer e nem se sou boa, ou se quero ser e etc e tal. Então cada vez que faço um desenho "típico" meu, insisto e faço outro que não é tão "típico" assim... estranho? sim, sim... É assim, o que eu curto fazer são subjetivos, livres... mas eis que penso: será que curto fazer ou será que é pq não sei fazer de outro jeito? aí pá... vou e faço outro, abandono sempre um inacabado.
O último que fiz foi a Bruxa azul. Eu queria uma "bruxa" que ia mais para o lado da magia do bem, da suavidade, que saísse da imagem que se espera de uma bruxa.


Eu usei caneta Stabilo preta, lápis de cor faber castell, ecoline e tratei um pouco a imagem no PS.


O cachecol que fiz e meu gatinho no frio de SP.