sexta-feira, junho 17, 2022

Agora não mais


Estava há muito tempo sem criar. Cansaço, falta de vontade, ausência de ideias. A última semana foi pesada, cheia. Fomos assaltados, teve fechamento de bimestre, festa junina, etc. Foi uma semana maluca. Mas foi uma semana que me trouxe respostas. Sinto que de agora em diante, as respostas virão de maneira mais fluída. Sem tanta dor e negação. Esse desenho é o início de um novo tempo pra mim. Tempo de autoconhecimento, de leitura, de calma e de arte. A gota d' água. A gota que faltava. O acerto, o equilíbrio diante daquilo que não posso ver mas que está aqui e posso sentir.

Esse desenho veio sem referência, veio livre, veio do fundo de mim. Nasceu de uma Gicelle que sempre esteve aqui, inadequada, invisível. Agora não mais.


sábado, junho 11, 2022

Uma vida toda sendo.

Passei uma vida toda sendo. Sendo tudo e todas que queriam que eu fosse. Uma atriz. Poucas vezes consegui ser eu sem pensar em como agradar ou deixar o outro feliz por estar vendo em mim o que queriam ver.  

Sou feliz com as minhas gatas. Sou feliz quando fico sozinha. Sou feliz em momentos em que as pessoas não costumam ser e sempre me senti culpada por isso. Por ser um pouco diferente. Sou lenta, demoro pra entender as coisas, desastrada, me bato na casa toda, troco algumas letras quando estou sob pressão e gosto de ficar horas fazendo algo em que estou concentrada fazendo, não lembro de ir ao banheiro ou de comer, porque é como se eu saísse do meu corpo. 

Agora estou só repensando sobre todas as dificuldades que eu tive na vida, todas as vezes que não conseguia falar o que eu queria e ficava muda, não conseguia responder, todas as vezes que estava na escola e não fazia a mínima ideia do que estava fazendo ali ou quando via as crianças brincando e não sentia interesse algum em estar ali com elas, brincando ou conversando. 

Saber é melhor que a ignorância. 

Em 2020 nasceu minha sobrinha Ananda, o amor em forma de uma menininha. Em 2022 nasceu meu sobrinho Gabriel, eu ainda não conheço ele muito bem, pois só tem 4 meses, mas tem um dos sorrisos mais lindos e puros que eu já vi. 


terça-feira, março 29, 2022

Há tempos...

Não escrevo mais como eu escrevia. A escrita para mim sempre foi uma válvula de escape secundária, antes de escrever eu desenhava, pintava e ficava tudo bem. A escrita era complemento. Hoje não escrevo mais como escrevia, mas quero voltar. Sinto falta. Não tenho a pretensão de escrever bem, só escrever. Escrever sobre os meus sentimentos e a minha percepção de vida. 

A vida não tem sido fácil, algumas vezes acho que não vou conseguir chegar ao fim e saber que vivi de forma plena, algumas coisas não fazem sentido e me perco em pensamentos e sentimentos. 

Também não tenho desenhado e nem pintado. 

O que envelhece primeiro, são os olhos. Sinto falta dos meus olhos, não me adapto aos óculos e me sinto velha e distante de quem eu fui (mesmo que eu não tenha sido grande coisa, sinto falta dos meus olhos). Acho que consigo aguentar as rugas, a falta de colágeno, a flacidez, a digestão lenta, a toda essa transformação corporal... acho que sempre vou chorar pelos meus olhos que não são mais os mesmos. 

Mas também não quero só escrever para reclamar, quero escrever para registrar meus pensamentos, para me sentir mais viva, mesmo que ninguém leia, o que escrevo é algo para mim. 


Não use minhas ilustração sem dar créditos