quinta-feira, dezembro 29, 2016

2016 se vai.

2016 foi um ano cheio de altos e baixos. Não fui tantas vezes no Hospital das Clínicas, mesmo assim o olho da minha mãe não melhorou de vez, ela continua fraca devido a sua doença e eu continuo como posso, ajudando. Tem também a minha vida, foi um ano onde trabalhei bastante com a minha arte, fiz muitas encomendas, muitas vendas, teve o concurso do prato Spoleto, as aulas extras de arte.
Perdi meu Frank em março, no dia 09 de março. Perdi meu Neném no dia 25 de julho. 
Sempre com medo de perder mais. Em novembro de forma precoce perdi minha coordenadora, que pra mim era mais do que uma coordenadora, era alguém que eu admirava, alguém doce, cheia de vida, que de forma violenta foi tirada das nossas vidas e da vida de sua família. Dói pensar e ainda não acredito. Ontem recebi a notícia de que minha Nuala se foi. Minha querida host family na Irlanda. Esse ano não mandei a cartinha e o cartão de Natal pra ela. Tive encomendas até ontem e antes de saber ainda comentei que em janeiro mandaria a cartinha pra ela e para a Deabhla. Cheguei em casa e recebi a mensagem de que ela tinha partido, em paz, durante a manhã de ontem. Uma notícia horrível de se receber. Tão sábia, me ajudou tanto, era como se eu tive reencontrado um pouco das minhas avós nela. Lembro do que ela me falava sobre relacionamentos, sobre white lies (rs), lembro dela me chamando pra ver uma reportagem sobre a Amy Winehouse, ou quando veio o visitante, um gatinho que as vezes aparecia no quintal e como ela sabia que eu gostava de animais, ela me chamava pra ver. Lembro do medo que senti ao chegar naquela casa estranha e depois o medo que foi embora e eu que não queria nunca ter ido embora. Dela indo no banco me ajudar quando fui roubada ou me ajudando a arrumar trabalho no brechó. A melhor comida do mundo! Nuala tinha sido dona de um restaurante e foi casada com um Italiano, eu dizia que a comida Irish dela era a melhor do mundo e que eu tinha sorte. :) Pedi pra cair em uma casa que tivesse pets. Ela tinha o Bobby e o coelho. Ficou feliz quando contei que optei por uma casa com pets, Já sentia muitas saudades dela, tinha esperança de ir visitá-la, todos os anos ela dizia pra eu ir, nunca consegui com o preço do euro, com tanto trabalho, agora a tristeza é saber que ela não está mais lá. Mesmo assim me acho uma pessoa de sorte de ter tido a oportunidade de conviver com ela e de tantas vezes com o meu inglês torto ter conseguido entender e e fazer entendida por ela. 
Te amo Nuala. My Irish Gramma. Termino 2016 assim. Não tenho mais o que falar. Torço pra que 2017 não leve tantos tesouros meus, que me traga luz e força pra enfrentar a maturidade que tenho conquistado com os anos.
As coisas são como devem ser. Vou lutar sempre pelo o que eu acredito. 
Agradeço pela presença do meu marido, companheiro e amigo na minha vida, tem sempre me feito uma pessoa melhor, tenho aprendido muito com ele, agradeço meus pais, que do jeito deles estão sempre por perto e meus poucos e verdadeiros amigos, que sei que são luz em minha vida. 
Até 2017. 

segunda-feira, setembro 05, 2016

Mulher

Quando você nasce mulher você não pensa: - Isso eu posso ou isso não posso porque sou mulher. Você simplesmente é. Nasce sem rótulos, sem julgamentos. Tenho um pai que nunca me disse o que eu podia ou não fazer por causa do meu sexo. Sempre fui filha, independente de qualquer coisa. Nos últimos tempos tenho estado atenta e percebido algumas coisas, essas semanas que passaram com a pintura da loja, um rapaz entrou e nos parabenizou pela pintura, o Paulo logo disse que a pintura era minha, que ele tinha ajudado... o Rapaz sem graça, ficou surpreso e falou: - É mesmo!? Parabéns viu...
Aqui tem muito isso: - coisas de homens, coisas de mulheres.
Pintar é coisa de homem? as pessoas se surpreendem quando vêem uma mulher fazendo determinada coisa... Muito triste. Fiquei pensando em escrever como eu me sentia cada vez que isso acontecia, como é triste pensar que as pessoas não se policiam para que isso mude, porque? Fiquei pensando sobre o quanto o fato de eu ser mulher me dá força pra que querer mais ainda fazer as coisas darem certo, ou fazer as coisas bem feitas, mostrar que o meu sexo não vai me rotular, não vai me podar.
Quase a minha vida inteira fui rotulada por ser quieta, por ser "estranha", por ser tímida, por ser magra, por seu eu... ser mulher pra mim é uma dádiva, eu vejo nas que vieram antes de mim e lutaram por tantas coisas, e sofreram tanto, inspiração para fazer o "impossível", aquilo que só os homens podem fazer como sentar com a perna aberta sem se preocupar com o que estão achando...


Triste como a cada dia me sinto mais e mais estrangeira no país em que eu nasci.


terça-feira, agosto 02, 2016

Uma semana.

Hoje faz uma semana que meu menino se foi. Nada faz muito sentido, é como se eu estivesse em um filme e fosse personagem desse filme. Estou feliz, estou triste. Não deixo de pensar nele, ao mesmo tempo penso na idade que ele tinha e que uma hora iria acontecer. Sinto falta de tudo dele, ás vezes começo a chamar por ele, quando abro a porta penso que ele vai vir correndo me receber. É muito difícil. Choro sem querer quando eu lembro dele e de como tudo aconteceu, fico pensando o que eu poderia ter feito diferente pra ele ter mais tempo comigo e fico achando que não é justo ele ter partido assim.
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Ganhei o concurso do Spoleto e "mágica" é a palavra que melhor exprime como foi tudo, desde o momento da pintura do pratão gigante até agora. Eu não imaginava tanto apoio, pensava ter chances de ficar entre os seis, mas ganhar em primeiro lugar foi realmente um sonho, mesmo que eles não divulguem isso pois os seis ganhadores recebem os mesmos prêmios, foi uma vitória moral, eu sei dela, sei da luta e sei que nunca vou esquecer. Não se trata só de ganhar um concurso, se trata de uma vida toda, de abrir mão de um monte de coisas, de anos e anos de estudo, de mudar de caminho depois de já ter feito uma faculdade e ter visto que não era o que eu queria, se trata de sonhos, de alma, de não conseguir viver sem criar, de acreditar que apesar das dificuldades, eu não posso desistir e tenho que seguir acreditando que não faço só por mim, faço porque tenho que fazer, porque nasci pra isso, porque isso me faz viver, me faz querer viver e amar a vida e eu só pude amar a vida quando parei de negar o meu amor pela arte. Não é fácil escolher a arte, mesmo tendo ela dentro de mim, eu a neguei muito com medo de não conseguir me sustentar, com medo de ter que passar muitos anos da minha vida dando umas 40 aulas por semana (apesar de amar tb ser professora, é uma profissão  bem desgastante).  Alguma coisa dentro de mim em determinado momento começou a me dizer que eu não podia fazer outra coisa, que eu tinha que lutar, lutar, lutar e só assim eu conseguiria ser eu, a verdadeira eu e não aquela que queriam que eu fosse. Nesse tempo todo foram muitos os "nãos" que eu ouvi, "nãos" de galerias de artes, "nãos" de editoras de livros infantis, "nãos" de revistas, "nãos" de clientes ou pessoas "interessadas" que depois de todo um trabalho feito viam que não era bem isso que queriam... Todos essas negações estão me fortalecendo, dói, mas eu não posso me dar o luxo de parar, de chorar mais do que algumas horas ou uns dois dias... rs dói muito, mas me fortaleço. Eu sei quem eu sou, eu sei do meu potencial, depende de mim treinar e me esforçar cada vez mais pra ser melhor no que eu faço, uma hora as coisas acabam acontecendo como consequência do meu trabalho, do meu esforço. Fico feliz dos meus pais terem visto essa vitória, dos meus alunos, das pessoas que estão mais próximas de mim e me conhecem, sabem da minha história, de quem eu sou de verdade.
Obrigada a todos que me ajudaram!

Abaixo o link para o post do Spoleto, no facebook:
https://goo.gl/avmIv9 


Print de quando acabou a votação no dia 31/07




segunda-feira, agosto 01, 2016

O dia depois de ontem.

Foram dias intensos. Muita coisa pra fazer, trabalho, votação e a perda do meu gato Neném. Tudo junto e eu no meio de tudo isso, tendo que manter o foco, o engajamento, porque na minha fraqueza eu poderia cair e perder uma oportunidade de ter mais visibilidade e de ganhar o prêmio em dinheiro que vai me ajudar com alguns problemas que estou tendo. Não foi fácil, ficar pedindo votos, compartilhando, mandando inbox, whatsapp, acho que junto com a vitória, veio o título de "mais chata da timeline"... rs Mas deu certo. Os vinte pratos eram ótimos e acho que os seis que ganharam, foram os que se movimentaram mais nas redes sociais. Essa semana começam as aulas, 2 semestre. Ainda estou baqueada com a falta do meu Neném, ele está em todos os lugares, o silêncio que incomoda, a falta dele no sofá, na cama, batendo as unhas no piso de madeira, querendo subir no lavatório pra tomar sua água, miando alto pra me acordar e entrando na frente da TV pra chamar a atenção. Ele era o meu filhinho, o meu gatinho mais velho e o mais companheiro que tive em toda a minha vida. Perder ele e o Frank em tão curto espaço de tempo me deixou baqueada. Preciso trabalhar isso em mim. 
Vou me afastar um pouco do facebook, é uma rede social ótima para o lado profissional, mas detona o psicológico da gente. Eu prezo muito o meu psicológico, levei anos pra conseguir me levantar e formular pensamentos de apoio a mim mesma, levei anos pra começar a me entender, muito tempo de estudo, de auto-conhecimento pra colocar em risco por causa de algo tão abstrato. Vou entrar o mínimo possível. Foi lindo o apoio que eu recebi de muita gente que eu nem esperava, gente que se engajou pra me ajudar, gente que escreveu coisas lindas, eu só tenho a agradecer. Mas também tem o lado da hipocrisia e da demagogia, coisas que não consigo lidar muito bem, a arte pra mim é algo tão dentro de mim, tão presente, tão constante que não sei explicar. Deixa pra lá. 
Obrigada pelo o apoio de todos! 
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quarta-feira, julho 27, 2016

Um dia inteiro sem ele

Chegar em casa sem ele foi uma das dores mais fortes que já senti. Ele era muito presente, falava o tempo todo, queria atenção o tempo todo, era um companheiro, eu entendia cada miado, cada conversa. Recebia a gente na porta do apartamento, a gente ouvia as unhas dele batendo no piso de madeira vindo correndo. Eu não quero mais a casa de transporte que comprei pra ele em 2004. Era dele, só dele. Peguei o pote de comida, lavei e guardei. Os copos do banheiro eu tirei e deixei só os da Lolla. Não consigo olhar pro cantinho do sofá onde ele ficava, virei a luminária verde pro outro lado e de madrugada não fui no banheiro nenhuma vez, toda vez que eu ia, eu dava uma olhadinha nele dormindo no sofá, se tava tudo bem, geralmente ele me via e miava como que dizendo Oi, eu voltava pro quarto e ele voltava a dormir. Éramos assim desde sempre, ele sofreu muito com minha viagem e fico feliz que foi possível vivermos juntos nos últimos três anos, nunca senti ele mais feliz do que nesse período que esteve aqui. Ele ficava impaciente se dava a hora de eu acordar e eu não acordava, invadia o quarto miando, eu ficava brava com ele, na segunda ele bem debilitado, me viu a noite sentada na cama e pediu pra subir, não conseguiu pular, eu coloquei ele em cima e ele se deitou sobre o meu braço. De alguma forma eu sabia que tava perto dele ir, mas a negação ou a esperança, não sei, é o que mais pega nessa hora, eu pensava que íamos ao veterinário na terça, ele tomaria uma injeção e reagiria, ficaria mais uns meses com a gente e partiria dormindo, sem dor. Fui pro quarto cinco da manhã da segunda e cochilei, tive medo de não aguentar ver ele partindo, tava muito sofrimento pra nós dois, Paulo acordou às 6. Vi quando ele levantou mas continuei deitada, demorou uns dois minutos ele voltou pro quarto, eu perguntei se tinha acontecido já desesperada, ele disse que sim. Daí o Paulo disse que ele ainda tava vivo, tinha se escondido atrás do sofá, fui peguei ele nos braços, ele miou, um miado dolorido mas me reconheceu, abracei ele, beijei ele, tão magrinho, tão frágil, um fio de vida nos meus braços, me senti mãe, não sou mãe de gente, mas acho que a sensação que eu tive com ele ali nos meus braços foi de ser mãe. Ele me olhou, ele ainda estava ali. Corremos para o Veterinário. Eu sabia que teria que tomar a decisão que tomei, não tinha outra coisa pra fazer pelo meu menino. Hoje doeu fisicamente, tive tremores, tive um desconforto no peito, uma coisa ruim, uma vontade de gritar, de sumir, tudo junto, de ficar pequenina até desaparecer. Tá doendo muito. Cheguei a cogitar hoje de pegar um filhote de gato só pra não sentir o que eu estou sentindo, me enganar, me ocupar de tudo que não fosse lembrar os últimos dias, ou o que poderia ter feito de diferente. Estou dilacerada por dentro, meu coração tá vazio e pesado. Ás vezes a tristeza me faz querer desenhar, tem a série que eu fiz triste pelo Frank, agora eu não consigo nada, não quero desenhar, não quero ouvir música, só queria entender como num momento eu tenho meu gato como sempre eu tive e no outro ele sumiu da minha vida e tenho que aprender a viver sem ele.
Hoje cheguei do trabalho e fiquei na internet tentando conseguir votos para o concurso do Spoleto, só assim consegui me distrair e esquecer um pouco dessa dor.
Enfim, um dia de cada vez. Muito amor, nunca estamos preparados para perder o amor, ele tinha câncer, o Veterinário disse que o câncer estava estabilizado, foram os rins que mataram ele. Eu nunca pensei que ele fosse ir por causa dos rins. Eu sei que não tinha jeito que ele tava perto de completar 17 anos, que ele viveu muito, que foi feliz, nada, nada disso faz a minha dor diminuir.






terça-feira, julho 26, 2016

Ele se foi.

A minha tríplice do amor fechou. Todos se foram. Dentes, Frank e por último o meu guerreiro: Neném.
Ele sempre teve a personalidade forte, adotei ele em março de 2000. Meu Vini, estava sumido por 2 meses e eu sem conseguir ficar sem gato, perguntava a todos quem sabia de alguém que eu estivesse dando um gato. Naquela época não tínhamos os grupos de adoção de animais. Eu trabalhava na TV UNICSUL e perguntava pra todo mundo se alguém sabia de alguém que quisesse doar um gatinho. O Douglas Mansur, fotógrafo, falou que uma conhecida dele tinha, mas eram pequenos, se eu quisesse ele me levava lá. Foi o que aconteceu em um dia, na hora do almoço, cheguei na casa, tinha o Neném com uns quatro meses e uma ninhada nova, ainda mamando. Ela me perguntou o que eu queria, se eu queria ele que já tava grandinho, ou se esperaria até o desmame dos outros gatinhos. Eu não tive dúvidas, quis ele. Ele era preto, como o Vini e a mulher me mostrou o pai dele e a mãe, disse que eram caseiros, não gostavam de sair de casa. Eu amei, tinha sofrido tanto com o Vini que só queria a rua e eu não conseguia controlar. Levei ele embora na mesma hora, ela me deu o pratinho dele, me deu um pouco de ração e me emprestou a casinha de transporte, voltei com ele para o trabalho e de lá fomos pra casa. Passaram 16 anos desde que ele chegou. Foi meu melhor amigo, meu melhor gato, meu companheiro de trabalho nas madrugadas de arte final, maratonas de séries, no frio ele gostava de ficar mais pertinho, no calor gostava de dormir em cima de uma panela de barro do meu pai. Sempre usou o banheiro direitinho, ás vezes marcava território, nunca quis sair de dentro de casa, começou a querer sair qdo viajei e fiquei fora por quase um ano. Ele ia até o meio do quintal e voltava. Eu ligava o skype, ele ouvia a minha voz e miava. Qdo eu cheguei da Irlanda ele me recebeu na porta miando, foi a melhor recepção que eu tive. Na minha ausência ele teve glaucoma, tivemos que extrair o olhinho esquerdo, ai ele veio morar comigo e foi o melhor período de toda a sua vida e da minha tb. Aqui ele foi Rei. Foi diagnosticado com câncer, tomava injeções que freava o seu crescimento. Era cheio de manias: gostava de sentar na frente da TV (significava que ele queria fazer xixi e que um de nós fossemos com ele até a areia), no calor dormia em cima alguns Posters de arte que eu tenho, amava requeijão, na hora do café da manhã já esperava a sua pontinha de requeijão, ai bebia água e ia dormir tranquilo. Adorava deitar no travesseiro do Paulo. Só bebia água nos copos espalhados no banheiro para ele, não gostava quando o box do banheiro ficava fechado. Adorava conversar, respondia tudo o que a gente falava com "mi" ou "hum", adorava carinho na cabeça. Dormia pesado e roncava. Eu levei no meu celular antigo a gravação com o ronco dele e quando eu ficava triste com saudades de casa, colocava bem alto pra me acalmar. Andava batendo as unhas no piso de madeira e a gente ouvia. Eu tenho uma coleção de unhas dele, gatos trocam de unhas, nesses 16 anos, toda unha que eu achava eu guardava. Estou muito triste, tão triste que não sei o que pensar, não sei o que fazer, pra mim é como se uma pessoa da minha família tivesse partido. Eu vinha percebendo que ele tinha emagrecido mais, no mês de junho ele tomou as injeções para o câncer, continuava emagrecendo e as crise de vômito estavam aumentando, nos últimos dias eu ficava até tarde com ele na sala, ou ia dormir e depois voltava pra ficar com ele. Eu estava sentindo que alguma coisa não ia bem. No dia 13 acordei às 4 da manhã com ele miando alto e dolorido, a casa toda vomitada, ele se escondendo e respiração ofegante, achei que perderia ele nesse dia. Ele se recuperou, eu tive medo de levar no veterinário, ele sofria muito pra ir lá, ele foi melhorando, voltando a comer, parando de vomitar. A última vez que tinha vomitado foi no dia 17. Na sexta-feira percebi ele gripadinho, todo inverno ele ficava assim, ele não gostava de cobertor, de nada em cima dele, falei com a Nanci, a Nanci disse pra eu levar ele correndo lá, no sábado. Foi o que eu fiz. Ele estava comendo bem pouquinho e bebendo muita água. No sábado tomou uma injeção com vitaminas e medicamento e na segunda ficou acertado de eu levar pra fazer o exame senil. Foi o que eu fiz. No domingo ele comeu menos ainda. Ontem deu umas lambidinhas no danone que comprei pra ele e no requeijão. Bebeu muito sorinho. Eu sabia que eu ele não viveria. Vi o exame on line e a parte renal tava toda alterada. Passei a madrugada acordada com ele, ele dormia, perdia a consciência, achei que não fosse preciso levá-lo no Vet. mas qdo deu seis horas ele ainda agonizava. Esperamos dar 8 horas e fomos. Ele lá, respirando baixinho, profundamente. Ele não queria ir. Eu rezei tanto pra ele partir, pra ele não sofrer, a madrugada toda com meu menino tentando deixar ele livre para ir, ele lutou até o último momento. Seus rins pararam. Seu fígado tava parando. O seu corpinho tava parando de funcionar e ele não queria partir. Tive que pedir pra fazerem o que era preciso e acabar com a agonia dele. Dr. Paulo disse que não tinha mais o que fazer. Deram um sedativo e depois ele foi embora. Sem mais dor. Eu e o Paulo estivemos do lado dele o tempo todo e a minha vontade agora é de gritar, gritar bem alto e de sumir também. Me sinto vazia, tem esse silêncio de morte, tem as coisinhas dele, tem a Lolla estranhando tudo, tem o concurso do Spoleto que eu continuo tendo que me engajar se não corro o risco de perder. Eu estou acabada. 16 anos do mais puro amor, eu queria dar um jeito de pausar tudo e voltar depois de entender como algo pode doer tanto, como a falta pode ser tão grande, como o vazio pode ser tão enorme e tão sentido?
Te amo meu Neném. Te amo e vc fica pra sempre em mim.<3 p="">




quinta-feira, julho 21, 2016

Concurso: Prato do Spoleto

Sabe quando uma coisa simplesmente acontece? Foi assim que me vi pintando o prato gigante da ação da Spoleto. Fomos no Armazém da Cidade, na Vila Madalena. Estávamos vendo o show de jazz ao ar livre com o músico Muari Vieira e cia, o Paulo foi parabenizar os músicos, eu fiquei de longe esperando, sou quieta, sabe como é... morro de vergonha, ai chega o Gilberto Dimenstein, Paulo continuou conversando, como eu tinha falado pra ele que na época da faculdade de comunicação o Dimenstein era muito citado e eu era fã, ele achou um jeito de me chamar e falou: - Minha mulher é artista plástica. Na hora o Dimenstein abriu os olhos e falou: - É mesmo? quer pintar um prato? rs O que vc responderia em uma hora dessas? eu disse: - Sim. Atônita. Ele foi e nos levou até o lugar onde estava acontecendo a ação do Spoleto e disse: - A artista que estávamos precisando! Ela vai pintar o prato, mostra pra ela o prato. rs Eis que o prato, que eu imaginava um prato de refeição, era um círculo de MDF enorme, pintado de branco. rs O que eu poderia fazer? Desistir? rs Quando se trata de arte e de me desafiar artisticamente dificilmente eu desisto. Sempre acho que vou aprender mais me desafiando do que ficando na minha zona de conforto. Peguei as duas cores: Preto e Vermelho, as duas canetas Poscas e parti para o desenho no pratão, primeiro fiz o desenho completo com a caneta preta, foi a parte mais difícil porque geralmente eu uso lápis para fazer o primeiro desenho e o pessoal do Spoleto não tinha lápis, então foi na caneta mesmo. O tema era Cozinha Italiana, primeira coisa que eu pensei foi em fazer uma "Italianinha" com lenço na cabeça, como se tivesse terminado de fazer o prato de macarrão, depois fiz o prato de macarrão e enfeitei o fundo com alguns ingredientes e a textura de espiral que amo usar em meus trabalhos. Demorei duas horas e meia pra terminar, ao ar livre e no frio de 10 graus que fazia naquele domingo em SP. Tentei me divertir, vieram pessoas falar comigo, paravam pra ver, contavam algumas experiências com o desenho, enfim... Nem eu acreditei quando vi terminado. O pessoal do  Spoleto me disse que com ele eu já estaria participando, o que eu fiz um dia antes do concurso encerrar foi uma versão mais finalizada, sem os errinhos que eu vi no prato grande e mandar pelo site.
Eis que no dia 17 fiquei sabendo que estava entre os vinte finalistas e iria a júri público, no site do Spoleto.
Estou muito feliz, porque foi tudo muito rápido e mágico. Agora peço a ajuda de todos vocês, vejam o meu prato e se gostarem dele, votem. Tem pratos lindíssimos, mas a história de como o meu nasceu é bem bacana né? É só entrar no site deles (#Spoleto) e votar:  http://www.spoletopratos2016.com.br/#votacao
Seguem algumas fotos do dia da pintura e o trabalho final que está participando da votação.
Dá pra votar todo dia, até o dia 31.
Os seis primeiros terão a arte impressa em pratos que serão vendidos em todas as lojas Spoletos no Brasil. Me ajuda a ser um dos seis!:)
Obrigada desde já! <3 nbsp="" p="">






quinta-feira, março 17, 2016

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Meu pai vendeu a casa do Ipê. Como eu me senti e como me sinto? Desde que tenho uns 15 anos queria mudar de lá, sempre muito longe, sempre com esperanças de demorar menos pra chegar em casa, de não ter tanto medo de sair e de voltar. Minhas avós se foram, meu avô, meu pai nunca quis vender, falava ás vezes em ir pra Mogi, pra Bahia, pra Penha, mas sempre em um futuro tão distante que a esperança de sair de lá foi acabando e se eu quisesse sair, teria que ser sozinha ou casada. Sai de lá para Dublin, quando voltei, avisei meu pai de que não voltaria pra lá, não por eles, por causa do espaço, por causa do lugar, porque precisava de um lugar com espaço pra minha solidão, eu preciso disso. Voltei.Casei. E aqui estou. Morando perto deles mas em um lugar que consigo ás vezes ficar quieta, sem ouvir, sem falar, só.
Hoje me sinto feliz e triste, queria ter saído há mais tempo de lá, ao mesmo tempo vivi minha vida toda ali, com meus pais, meus irmãos, meus bichinhos. Lá ficaram todos eles. O Frank e o Nene não. Sei que meu pai não teve escolha, teve que sair, aconteceu tanta coisa ruim, descobrimos tantas coisas que talvez fosse melhor não ter descoberto nunca, dói  e até hoje me sinto traída, enganada, enfim... mundo real, não o mundo idealizado e ingênuo que construí a vida inteira em minha cabeça. De uns cinco anos pra cá a vida tem me apresentado a vida como ela é. Eu continuo ingênua e sem acreditar no que é apresentado e continuo com vontade de ir embora e ter o mínimo de relações possíveis para me machucar menos com as atitudes das pessoas. A casa foi vendida. Não sei quando terei coragem de pegar o carro e passar por ali de novo e ver o que aconteceu com o lugar em que vivi minha vida toda. Espero que quem comprou faça bom uso e transforme em um lugar bonito, cheio de luz e coisas lindas. A vida é cheia de mudanças, cheia de rodeios, de nuances. Infelizmente as lembranças mais vivas não são muito boas, mas passamos bons momentos ali, principalmente quando éramos só nós...

sexta-feira, março 11, 2016

O Vazio

Eu guardo dias, tem algumas datas que nunca esqueço, não tenho elas anotadas (terei agora) e mesmo assim eu nunca esqueço, tudo começou com o dia 14 de novembro de 1995, quando minha avó paterna se foi, depois foi dia 01 de janeiro de 1997, quando minha avó materna se foi, depois teve o dia 25 de janeiro de 2001, foi a vez do meu avô ir embora. Meu Frank nasceu em 24 de dezembro de 2002. Ficou com a gente, desde filhotinho foi especial. Em Janeiro de 2014 descobri que o Nene tinha um tumor na barriga, em janeiro o Dentes operou o rabo. Em 13 de junho de 2014 o meu Dentes se foi. No dia 08 de outubro de 2014 descobrimos que o Frank estava com linfoma e ele operou, fiz quimioterapia e estava bem, até outro caroço aparecer no mesmo lugar em maio de 2015, tirou novamente em junho e dai em diante até o dia 9 de março desse ano foi uma batalha contra esse maldito linfoma. Fran viveu 13 anos, 2 meses e 14 dias. Foi o melhor cachorro do mundo, eu dizia que ele era o melhor do mundo e em segundo lugar vinha o Dentes.
Nos últimos dias estava indo ver ele sempre, eu tinha medo que ele se fosse e eu não estivesse por perto, queria que eu e meu pai estivéssemos com ele. Era claro que o Frank amava mais o meu pai, mas eu vinha em segundo lugar isolado. rs Ele era meu meninão. Levamos ele na terça-feira, o inchaço do rosto tinha melhorado, ele conseguia andar devagarzinho, tinha uma cachorrinha bb e peguei no colo pra ver como ele reagiria, rs ele levantou e sentiu ciúmes, logo eu devolvi ela pra dona e fiquei com ele, disse que ele era o meu bbzinho, ele tomou as injeções e ficou de voltar em uma semana, não vi ele na quarta, fui lá ver ele na quinta, pulei sexta e sábado, no sábado bem tarde meu pai me mandou um recado dizendo que ele tava muito mal, que era pra eu ir correndo, eu não fui pois já era mais de meia-noite, então no domingo bem cedinho eu fui. Passei quase o dia todo com meu bichinho, ele comeu, abanou o rabinho pra mim, bebeu água e ficou muito tempo deitadinho perto de mim. Na segunda fui ver ele de novo, rapidinho dessa vez, na terça eu fui cedo e na chegada percebi que ele estava pior, sem luz. Peguei ele no colo e coloquei ele dentro de casa, fiquei muito tempo conversando, tentando fazer ele se animar, mas os tumores estavam imensos, ele estava inquieto, não conseguia dormir, não conseguia levantar, gemia baixinho com dor, meu pai chegou e foi no veterinário buscar injeção para dor, ele chegou, aplicou e eu esperei um pouco pra ver se ele ficava mais sereno, fui embora e deixei ele melhor. Liguei a tarde, ele não tinha comido, não tinha ido ao banheiro, mas eu sempre acreditando que ele ia conseguir, que ele ia comer, que ia reagir. 23 horas meu pai me manda um recado dizendo que ele tava gritando e parecia agonizar, pegamos o carro (Paulo e eu) e fomos pra lá. Papai foi abrir o portão e eu já ouvi o chorinho do Frank, de cortar o coração, entrei, ele me viu e a respiração ficou mais rápida, papai disse que tinha dito pra ele ir, que não queria ele sofrendo tanto... acalmamos ele, o tempo todo com as mãos na cabecinha, segurando as patinhas dele, eu queria que ele soubesse que nós dois estávamos ali, com ele, rezei, pedi que São Francisco poupasse o sofrimento do meu filhinho. Ele parecia querer dormir, fechava os olhinhos e abria, com dor, ás vezes parecia não estar ali, ás vezes olhava pra gente com o mesmo amor de sempre e fechava os olhos como se fosse dormir, deu uma arqueada, meu pai segurou a cabecinha dele, ele começou a ter uma respiração mais calma, foi acalmando, acalmando, até que ele levantou de leve a cabecinha e nos olhou como os olhos de Frank, olhos de amor e parou de respirar. Dormiu. Ficou o vazio, o silêncio, nenhum barulho, nada. Nós dois ali com ele, mamãe e o Paulo estavam mais afastados. Eu levantei e sai, como se eu pudesse me desligar daquilo que tinha acontecido, voltei e era a constatação de que ele não estava mais ali. Só o corpinho frágil depois de tanta luta, coberto e ele parecia dormir. Eu queria sumir. Sabia que tinha que estar ali com ele, com meu pai. Mas eu não queria que tivesse tido tanto sofrimento do meu bichinho. Passei mal, uma náusea, uma dor no estômago, um soco no meu estômago, queria vomitar, tirar de dentro de mim toda a tristeza, toda a vida,  queria ter mais tempo pra dar pra ele ser feliz com a gente. E o dia 9 de março ficou marcado como o dia do adeus do meu Frank. Agora é pensar que demos o melhor pra ele, ele foi muito amado, foi muito cuidado, agradeço ao Dr. Paulo Kitakata, a sua esposa Nanci Kitakata, que cuidaram de meu Frank de verdade. Peço que agora ele esteja bem e de onde estiver, ajude eu e principalmente ao meu pai e pai dele também,  a digerir e superar essa enorme perda, pintei ele no primeiro dia do ano. Toda hora olho ele sorrindo em minha parede cinza e penso: - eu tive o melhor cachorro do mundo, um cachorro que parecia de filme, que falava comigo com os olhos, o mais amoroso, mais educado, mais tudo. Eu sou uma sortuda de ter tido essa dádiva por quase 14 anos.





terça-feira, fevereiro 02, 2016

Não!

Cada não que eu recebo me deixa mais forte. Se eu tenho dentro de mim um objetivo de vida, se eu nunca tive muitas dúvidas sobre o motivo que me fez nascer, não devo ter medo de receber nãos. Já foram inúmeros e muitos outros virão e eu vou sempre dizer: Sim vou continuar tentando, sim, vou continuar lutando!