Eu poderia escrever, escrever muito para tentar traduzir o que estou sentindo, eu poderia tentar falar, usando as mãos para tentar traduzir o que sinto. Mas nada do que eu escrever ou falar dará conta de tudo que se passa aqui dentro de mim. Estou triste como há tempos não ficava, saber que minha amiga, minha irmã de coração, perdeu sua mãe assim, de forma tão devastadora fez um buraco em mim. É como se a mãe fosse minha, é como se o Pai que ficou fosse meu. Aqui tão longe, tão impotente, não posso muita coisa. Sei o quanto todos sofreram nesses 4 meses, e aqui de longe acompanhei tudo pedindo para que tanto sofrimento não durasse muito.
Já perdi muitas pessoas próximas de mim, minhas avós queridas, meus tios e nunca vou me acostumar e achar que a vida é assim mesmo e que perder quem se ama é normal. Sempre será um baque, sempre vou chorar, sempre. Também aprendi a conviver com a dor da saudade que nunca passa, com os sonhos que muitas vezes ajudam a matar um pouco da saudade sem fim e com o medo de acontecer de novo, de novo e de novo.
Isso pra mim é viver, e que ninguém queira simplificar dizendo que são coisas da vida, que tudo é assim mesmo, bla bla bla... que temos que ser fortes... Todos somos diferentes, o seu jeito de pensar e ver as coisas pode não ser o meu e escrever aqui não significa que o meu jeito é o jeito perfeito.
Sim, temos que ser fortes, mas temos que sofrer tudo, eu sofro tudo que tenho que sofrer para sair viva e forte, eu nunca serei a Pedra que a sociedade contemporânea pede que eu seja. Eu sou livre e eu choro sim, eu sinto, eu sou humana.
E logo volto para o Brasil, uma escolha minha, só minha, com os riscos meus também.
Sei que o Brasil não é nenhuma maravilha, mas é lá que tenho meus pais, minha família, meus amigos, meu futuro.
Amiga, estou vontando, você vai estar diferente eu sei. Quem passa por isso, a não ser que tenha abraçado o personagem de Pedra, muda.
Nenhuma perda, nada, é tão sem remédio quanto a morte de quem amamos.
Isso nos prepara para qualquer coisa, quem já passou, sabe.
Hoje não tem desenho.