terça-feira, julho 21, 2015

Reflexão de aniversário

Tem gente que ama fazer aniversário e tem gente como eu, rs que nunca adorou e que entra em crise muitas vezes, fazer aniversário para mim sempre foi dolorido, desde tempos remotos e isso não quer dizer que não precisa me dar parabéns ou fazer de conta que não sabe que estou fazendo aniversário, pelo contrário. Acho que a expectativa de não ter pessoas interessadas em mim e de repente um monte de gente falar e fazer festa, muda um pouco o clima do "fazer aniversário" e deixa tudo melhor. Esse ano deixei o facebook avisar as pessoas do dia 20/07 e incrivelmente, mais do que nos outros anos, recebi mensagens lindas e que não parecem ter sido automáticas, via inbox. Foi lindo, chorei várias vezes de emoção, foi um dia razoavelmente complicado, fui ao Hospital das Clínicas com minha mãe, teve a espera infinita em pé, porque não tem lugar direito nem para os pacientes, que dirá para os acompanhantes, mas levei o meu sketchbook, minhas canetas, sentei no chão e desenhei, foram formas orgânicas que para mim têm o poder de um livro para colorir, daqueles para adultos. Comecei a desenhar e o tempo passou rápido, não vi os diversos tipos de doenças e sofrimento que o lugar apresenta. Foi uma boa solução. Cheguei em casa e dormi. Dia de hospital é dia de acordar 4h30 para sair no máximo 5 horas, chegar lá 6 e 15 e ser atendida as 10 horas (otimismo sempre!), ontem tivemos a boa notícia de que o olho dela está recuperado da úlcera e das bactérias, foram dois meses de luta, preocupação, choros, brigas, etc. Eu sabia desde quando era criança, de que ser criança é a melhor coisa do mundo, eu nunca quis crescer, sabia que esse mundo dos adultos é uma chatice, nunca quis ser uma moça, nunca quis, queria ser menina pra sempre, menina, daquelas que fazem o que quer, que não se preocupa em sentar direito, que não precisa pentear o cabelo e gostava de soltar pipa ás vezes. Doeu crescer. Eu não sei lidar muito bem com as coisas que eu sinto, muitas vezes tenho vontade de me isolar das pessoas e isso não significa que estou triste ou com depressão, significa que preciso disso, que sou feliz sozinha, no silêncio, só comigo mesma. A sociedade não entende muito bem isso, sendo assim, guardo com carinho as pessoas que compreendem esse meu lado. Eu não sou a filha perfeita, eu tento ser melhor para ela, eu tento ter paciência, conhecer a doença dela para saber um pouco sobre o que ela sente, eu tento mas muitas vezes erro. Eu só quero saber que fiz o melhor que eu podia. Ontem receber a noticia de que o olho dela está melhor, foi o maior presente de aniversário que podia ter ganho.

Outro dia o Paulo me disse: - Você é excêntrica mesmo! rs decidiu, não vai atender telefone e o telefone, toca, toca e você não atende. risos

Dei risada. 
Obrigada a todas as mensagens de Feliz Aniversário. 
Abaixo está o desenho que fiz enquanto estava no Hospital das Clínicas.


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