Eu penso em forma de escrita. É como seu eu escrevesse um livro quase que o tempo todo na minha cabeça. Mas sou covarde. Prefiro guardar tudo na minha cabeça. Eu tenho reflexões, tenho histórias, tenho lembranças, coisas que gostaria de guardar. Quando tenho coragem, escrevo um e-mail e mando pra mim. Engraçado que consigo desenhar e me expor pelo desenho. A minha escrita é acanhada assim como eu. Mais silenciosa, não quer chamar a atenção. Mesmo assim, precisa existir.
Tenho pensado em tentar escrever um livro com ilustrações, mas não sei se tenho coragem. Na verdade eu sei que não tenho coragem mas gostaria de ter. Já comecei algumas vezes, mas nunca dei continuidade.
Ontem fui na casa do meu pai. Como é difícil. A dor é presente em mim de um jeito que eu nem sei. A dor está aqui. Chega a ser física. Ver as coisas da mamãe. A casa dela. Eu queria sumir. A verdade é que se eu não esqueço tudo o que aconteceu, a minha vida é muito triste, mas eu muitas ignoro tudo. Eu luto o tempo para me manter em pé. A vida me dói. Tudo me dói, a tristeza de estar distante do meu pai, a minha impotência diante do vício do meu irmão. O fato do meu pai achar que está tudo bem enquanto que é claramente visível que as coisas não estão bem.
A vida é complicada.