quarta-feira, outubro 26, 2011

As pontas


Teve um tempo em que eu parei de pensar e comecei a encanar com as coisas, ai veio um vento, me jogou pra cima e estava "salva". Meu maior perigo se chama Gicelle.

Cortei meu cabelo hoje.

"Ela tinha o mundo, o mundo era ele, seu sorriso, sua voz, seu olhar... Ela tinha o mundo. 
Um dia, meio sem querer, ela quis mais, assim... nem pensou e já quis. 
O fato de querer mudou tudo, achava que tinha tudo e mesmo assim queria mais. Entre o pensar e o falar existe uma grande distância. Uma vez que se diz, o mundo acolhe as palavras e elas passam a fazer parte da história. Ela disse que queria mais. Aquilo não era o bastante. Ela merecia mais. Queria mais. 
Ele tinha se transformado, incapaz de dar, já não queria mais dar nem o que já dava.
O amor era demais para ele. Se esqueceu de tudo que viveu, queria outros braços, abraços, outras. Ela não era o que ele procurava, era mais, intensa demais para viver de ilusões.
Ela resolveu partir. Pegou tudo, não olhou para trás nenhuma vez. Aceitou que era isso, era tudo e ele queria menos, pois não conseguia conviver com o muito. Refletiu e chegou a conclusão que ser ela, assusta. Conviver com ela, assusta e que o mundo não é feito de corajosos.
Naquela mesma noite decidiu ser toda ela, como ela nunca havia sido, o tempo todo ela desconfiava de que era mais do que mostrava e até mais do que sentia, mas precisou daquele olhar de pena e de socorro, para salvá-la dela mesma. Só ela podia ser capaz daquela decisão. Só ela. Continuou viva. Mudada. Tem gente que não acredita em mudanças, ela acredita. Algo dentro dela, no mecanismo de seu corpo e de sua alma mudou. Algo que ela não entende muito bem e que nem sabe direito. Ela sente a mudança em todos os momentos do dia, ela sentiu quando pôde olhar para o outro homem e não ver a imagem dele. Foi quando ela sentiu com força que algo tinha para sempre se transformado dentro dela. 
Hoje ela sorri. Sorri com lembranças de um tempo que passou, mas que houve, faz parte da história e com o tempo vai ficando pequenininho... até virar uma sensível penugem no vão de suas memórias." 

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