Continuando com minhas reflexões em Dublin... Hoje pensei sobre estar aqui. Ainda não caiu a ficha direito, as vezes penso em que furacão eu entrei para vir parar aqui. Há seis meses minha vida é toda "estruturada" um namoro "sério" de 9 anos, um emprego formal que me deixava louca e o "sonho" de ter minha casa, meu marido e meu filho. rs
Eu não dava a mínima para mim. Eu era o que menos importava na minha vida. Queria o tempo todo fazer todo mundo feliz, era só isso que importava para mim. Achava que esses sonhos realizados faria de mim a mulher mais feliz do mundo e eu me encaminhava para eles. Se alguém me dissesse em abril, que em outubro eu estaria morando em Dublin, que meu namoro teria fim e que eu pediria demissão... jamais eu acreditaria, diria: - É loucura!!!
Tudo que me aconteceu foi surreal demais. A minha recuperação depois do tombo, as pessoas e as coisas que conheci. O melhor foi perceber que o meu coração tá bem e não foi revestido por uma camada de pedra, isso me faz muito, muito feliz.
Aqui na Irlanda o tempo passa rápido, a vida é mais tranquila, mais confortável. Sinto falta de muitas coisas, pessoas, sinto falta dos meus bichinhos. Ás vezes fico louca para voltar, outras vezes penso que não vou conseguir simplesmente voltar e fazer de conta que tudo isso passou. Minha memória é animal, não esqueço as coisas por que passo fácil. Não esqueço as pessoas, não esqueço os momentos. Uma vez que aconteceu, é para sempre. Isso é bom, mas tb é ruim, é muita informação e muito amor, é muita memória... Lacuna Inc, please help me!
Uma coisa que pensei nos últimos dias é como o idioma aproxima e afasta a gente, no meu caso sou uma sortuda, pq sempre gostei de aprender, sou uma curiosa e a cultura, os meus conhecimentos gerais me aproxima de algumas pessoas aqui. Ás vezes falo levemente sobre cinema, música, pintura com os meus professores, ai fico bem feliz. Sinto muita falta de conversar sobre isso... rs quando eu era professora, falava com meus alunos, quando estava em casa com minha cunhada e com o meu pai, minha cunhada na verdade era com quem eu mais conversava sobre isso, pq ela é muito parecida comigo, gosta disso de aprender, descobrir, saber, é uma curiosa também.
Ontem estava pensando que uma das melhores coisas de não ser mais professora, é não precisar ser exemplo para ninguém, sempre levei à sério algumas coisas, e dar aula eu levava muito a sério, o fato de ser professora de artes me permitia algumas coisas, mas eu sempre tinha aquela preocupação: Pô sou professora! Posso isso, não posso aquilo, bla bla bla... etc.
Agora o fato de não ser professora me faz livre para eu ser, a sensação de não ligar para o que os outros pensam, falam, é libertadora. Eu não acreditava que isso fosse possível, sempre fui "presa" em mim mesma. Meus pais sempre foram bacanas, eu sempre fui responsável demais, sempre fui encanada com um monte de coisas... tímida demais. Hoje vejo que muitas vezes eu não vivia... eu era como esperavam que eu fosse. E sou muito mais que isso. Gosto de como sou de verdade, não preciso me esconder, não preciso esconder o que sinto, não preciso jogar com as pessoas, não preciso de nada disso, só preciso ser eu.
Desenhos novos... rs autorretratos.
É óbvio que nessa fase que estou passando, eu queira me encontrar em meus desenhos também.
Agora preciso dar um gás no inglês.... rs Bom, enfim... vou indo que o dia hj já deu.
Um comentário:
Lindos desenhos e linda reflexão.
Abraços!
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