quarta-feira, fevereiro 29, 2012

As coisas que não pensei...


Já escrevi sobre os planejamentos para a viagem, a ideia começou a fazer parte da minha vida quando comecei a faculdade de artes. Era surreal estudar tudo aquilo e nunca ter saído do Brasil, sonhei muito com Florença, não sei se vai ser dessa vez, mas agora pensar em sair do Brasil ficou muito mais fácil. Dou meus pulos (Trampoline rs). Daí virei professora, logo eu, que mal falava em público... dando aulas e o pior: gostando! Quando pedi minha demissão, fiz 1 mês de aviso prévio. Um dia um Professor chegou em mim e disse:
- É verdade que você pediu demissão e vai embora do Brasil? Você é louca, tem que ter muita coragem! 
Na hora olhei para ele e falei, nem pensei muito, só falei:
- Coragem tem você, de continuar  aqui dando aulas,  reclamando e achando tudo ruim. 
Ele não disse nada.

Eu fico pensando nessas pessoas que se conformam com o que não é tão bom, com medo de não conseguir nada melhor da vida. É o pensamento Pós-Moderno atacando novamente. Eu sempre disse, desde aquela aula de História da Arte, última aula, que sou uma Romântica Pós-Moderna... (Romantismo: Movimento Artístico). 
Romântica porque acredito nas mudanças, acredito, eu nem sei como posso acreditar, acho louco acreditar, mas acredito, alguma coisa dentro de mim acredita. Pós-Moderna porque é fatal, eu vivo nesse tempo, vivo sendo pega pelas armadilhas da Pós-Modernidade. 
Escolhi vim para cá e me jogar de cabeça nos costumes, no modo de viver desse povo. E o mais louco, eu sinto saudades do Brasil, mas nunca mais serei a mesma depois daqui. Fico pensando nas pessoas que não arriscam nada, fico pensando no que foi que aconteceu comigo que me mudou tanto, ou se eu sempre fui como sou agora e nunca percebi. Eu era chata, negativa, presa em mim mesma. 
Hoje brincando com a pequena eu fui a pessoa mais feliz do mundo. Nunca ninguém vai me tirar o que eu sinto.
Vai ser duro ir embora, hoje ela pulava, caia encima de mim, me abraçava. A mãe chamou ela para sair e ela preferiu ficar comigo. A mãe ficou feliz e surpresa, eu ficaria também. 
Toda hora estou indo embora, conheço as pessoas, me apego e vou embora. Dói. Dói. Antecipadamente já dói. Eu sei que posso voltar, eu sei que sou capaz de muita coisa que nem imaginava. Mesmo assim, dói. 

Hoje eu só quis escrever, sem desenho. 
Organizei o Tumblr : http://giarchanjo.tumblr.com/
Primeira vez que consigo visualizá-los assim... Tem muita coisa que deixei de fora, fiz uma curadoria básica. 

Eu volto. 


segunda-feira, fevereiro 27, 2012

Trampoline

Nos últimos dias escrevi muito, muito mesmo. Tenho tido meus pensamentos, como sempre... ai desencanei de colocar aqui no blog, achei que são pensamentos íntimos demais. Me sentiria desprotegida, nua.
Geralmente tenho poucas dúvidas, eu sinto e pá. Rumino os sentimentos por algum tempo e coloco para fora ou não, quando vejo que não vale a pena... esqueço. É isso. 
Então, como hoje tive uma Experiência Estética [... a experiência estética solicita uma mudança na maneira pragmática de se perceber o mundo. Esta experiência (e também o trabalho científico ou filosófico) constitui-se, segundo o termo empregado por alguns autores, um “enclave” dentro da realidade cotidiana. A experiência do belo é uma espécie de parêntese aberto na linearidade do dia-a-dia. (Duarte Jr.,1991, p.33)] resolvi fazer uma postagem estratégica sobre isso.

Eu trabalho como au pair e a família foi passar férias fora por 2 semanas. Foram 2 semanas que usei para pensar, desenhar, estudar. Enfim... só que senti saudades, eu sabia que sentiria, até porque trabalhar para eles não é um sacrifício, eu gosto de verdade, eu me divirto, me sinto parte de uma engrenagem, e hoje sei que fazer parte de um todo é importante para mim. Antes de conseguir esse emprego, sentia muita falta da minha família, ainda sinto, claro... mas a vida aqui ficou muito mais tranquila depois que comecei a trabalhar para eles. 
Eles chegaram hoje, e aqui é assim... cada um na sua. Acho que por isso me dei tão bem, sei das minhas responsabilidades, as cumpro, aprendo inglês com eles, respeito o espaço deles, eles o meu e é ótimo! 

Só sei que hoje a tarde, fui conversar com a pequena D. que é uma menininha com muita personalidade, puxei assunto, tentei brincar, não obtive sucesso... rs eis que fui brincar com o cachorro já que ela não me dava a mínima confiança... foi o que precisava.

Ela sugeriu o trampolim (cama elástica) que tem aqui no quintal... eu disse: - eu também? rs
ela disse: - Sim!

Minha vida mudou!!!

No instante em que pisei no trampolim, o sol se abriu, o calor voltou, o céu ficou azul. 
Foi uma experiência estética! Por uns 15 minutos nós pulamos, rimos, caímos, levantamos, rimos mais. 
Foi mágico e um momento que nunca vou esquecer. 

Fiquei pensando: E se eu fosse cheia de mimimis e não topasse ir no trampolim?

Perderia isso. 
Pode parecer uma besteira sem fim para você que está lendo, mas eu sei que foi lindo. 
Valeu tudo que passei até aqui! 

Obrigada :D

E para você que pensa que porque é adulto, tem que sempre ser chato, levar tudo muito a sério e ficar podando as pessoas, porque se poda o tempo todo...Te digo: - AH... Só lamentos...!!!ahahahhaahhaha 



Para a postagem ficar mais interessante, três desenhos que vendi aqui na Europa!;)


See you! 











sexta-feira, fevereiro 17, 2012

Game


Hoje lembrei bastante das minhas avós, já faz tanto tempo que elas se foram, mas sempre que a lembrança vem forte eu sinto como se fosse ontem e dói.
Penso em como as coisas são, em provas que temos que passar para passar de nível, como se o tempo todo a vida fosse um jogo. Eu chego numa fase e tenho que passar de fase, pra mim funciona assim. Não é fácil passar de fase, você tenta uma, duas, três vezes, morre, começa de novo... e por aí vai. Eu era boa no Sonic e no Alex Kid, mas demorava para pegar as manhas e passar de fase. Quando passava ficava tão feliz, como se fosse a coisa mais importante. 
Hoje, todo dia tento passar de fase. rs É díficil na vida real.rs
Eu nunca fui lógica e racional, sempre fui intuitiva demais... rs até para vídeo-game.

Penso nesse lance de jogo, coisa e tal, nisso do controle, da paciência, do querer, do sentir, das coisas que vivo aqui, no Brasil... minha cabeça ferve. rs 

É como terminar um quadro, o que eu sinto quando termino um quadro? eu sinto um êxtase, um prazer, uma coisa boa dentro de mim, que me faz ter vontade de fazer outro, outro e outro.
E isso que eu sinto hoje, eu sentia há 1 ano, 2 anos atrás, mas com menor intensidade, não tinha tanta certeza do prazer que eu conseguia. Era insegura. Tinha medo.
Hoje não, eu me sinto segura, termino um com outro na cabeça, termino querendo mais, sem medo de me mostrar.
Acho que antes eu tinha vergonha de ser eu. Eu não sei.
Só sei que não sentir vergonha de ser, é algo maravilhoso.


Eu e Rebel, o cachorro substituto. :) é um lindo!!!


quarta-feira, fevereiro 15, 2012

Places

Era tudo muito rápido, corria para acordar, corria para dormir, corria com o tempo.
Não queria parar, era assim que tinha que ser, tudo corrido...como se a vida passasse por ela num sopro.
E quando viu, já tinha passado tanto tempo que assustada, quis voltar.
Não dava. Já era.
Nela, o tempo não deixou tantas marcas, foi benevolente.
Mas em sua vida ficou as saudades do que poderia ter sido se não tivesse corrido tanto no mesmo lugar.


sábado, fevereiro 11, 2012

Fall

Trabalhar como au pair, me dá muito tempo para pensar. Isso é bom e ruim. É bom, porque nunca tive medo de pensar, sou assim, sempre fui... não quero mudar isso em mim, porque são dos meus pensamentos que tiro força para buscar as coisas que acredito. Já de criança eu era assim, só não sabia que tinha força, nem sabia o que buscar direito, mas queria sempre ser desenhista ou veterinária, porque sempre gostei de desenhar e pintar e sempre amei os animais, em especial os gatos e logo em seguida os cachorros. Vi logo que não dava para veterinária, era muito sofrimento cada vez que um gatinho morria ou sumia. 
Também sempre fui puro sentimento. Por um tempo, tentaram me corromper, me mostrar que eu não devia ser assim, que isso era um defeito, algo ruim, me prejudicava. Eu me deixei levar, passei a me esconder, não queria que percebessem quem eu era, o que sentia, não podia demonstrar "fraqueza"... 
Mas eu não era fraca, as pessoas confundem sentimentos e intensidade com fraqueza. 
É o mal da Pós-Modernidade. 

"Eu tenho medo é da superfície, foi por isso que aprendi a nadar, para ir mais fundo". rs

Fall - Color pencil, acrylic and collage   



quarta-feira, fevereiro 08, 2012

Freedom is a prison cell... blue.


A Grainne vai fazer aniversário no dia 10. Eu não tenho muitas palavras para falar dessa família. 
Eu levo umas na cabeça, mas quando dou sorte, dou mesmo. E aí queria dar algo especial para ela, pensei, pensei e como aqui eles dão o maior valor para o lance de eu desenhar, pintar, ser professora de artes, etc... Resolvi fazer um desenho para ela e dar num porta retratos. Ainda não terminei, mas estou quase... Além desse, estou com um outro desenho em andamento e a tela. Tô numa fase produtiva. Quero achar meu caminho aqui, me colocar nas coisas que eu faço. 
Estou melhor que domingo. Melhor... rs Como eu disse para a Denise, aqui não tem como você ficar 100%, pô é outro país, to sem meu gato, sem meu pai que é o cara que eu mais converso, sem minha mãe para encher minha paciência e sabendo que a Denise tá passando por tudo isso que eu sei que não é nada fácil e não estar aí.
Tenho vontade de gritar em português!!! rs Eu estou focada no inglês e em produzir. Se eu não produzo, como fazer? Ficaria louca. 
Terminei de ler de novo o Livro A Vida dos Artistas, de Calvin Tomkins. Aí que agora só quero ler em inglês. Então estou procurando algum livro que fale de arte ou filosofia e que seja em inglês... rs não acho. Eu sinto falta de ler, ler me faz mais viva. Aí lembrei dos primeiros livros que li, quando era criança. 
Eu fui uma criança estranha, com 10 anos eu queria ler Jorge Amado, porque meu pai tinha em casa e eram livros grossos e achava bonito ler, rs não entendia quase nada, mas lia. Foi assim que meu vocabulário aumentou. Penso que posso fazer a mesma coisa com o inglês.Estou lendo "The Road", Cormac Mc Carthy. Meu professor disse que sou louca, que é uma leitura díficil... rs Mas um motivo para eu ler! ahahahahah 
Não terminei ainda... Lápis de cor aquarelável e caneta nanquim sobre canson.
Para ver como ficou esse desenho, clique aqui.
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Hoje acordei com um pensamento: A liberdade é uma cela... azul. 


É tudo ponto de vista, tudo... o fato de ser azul torna a cela mais poética e a liberdade é subjetiva. 
Eu não sei lidar com muitas coisas, eu não soube lidar com o amor, me perdi. Fiz outra pessoa se perder. 
Quando penso em mim, penso em alguém apaixonada e ingênua. Eu não sei até quando serei assim, se a vida vai me mudar de novo... o que vai acontecer. Como posso saber? Eu queria ter um pouquinho mais de controle sobre as coisas que acontecem sabe? Só um pouquinho... O não saber é tão subjetivo, na verdade o saber também é.


Há anos sabia que tinha que vir para a Europa, pensava: - Se meu namoro não der certo, vou mudar de País. Hoje estou aqui, nessa reviravolta danada, virada ao avesso. rs Eu sentia que tinha que vir. Sentia com força, quando acabou, pensei: - eu vou, é agora. 
Nada me faria mudar de idéia, nada. Só eu sei como foi díficil me despedir deles. De todo mundo. Foi como morrer. Eu não sei como é morrer. Mas deve ser um fim. rs Uma dor de fim. O nada. 


E estou cansada dessas frases de auto-ajuda do facebook, de Arnaldo Jabor, de tudo. Cada um sabe de si, sem receitas de felicidade ou de tristeza. Eu odeio essas receitas, eu odeio receita de comida, eu leio,interpreto e faço do meu jeito, rs porque eu sou livre e rebelde...ahhaahahah


Agora o que eu sinto? Eu sei. Não vou escrever.Escrevo o quero que saibam.
Tenho minha privacidade, bem reservada mesmo.Tenho meus planos. Tenho meu plano B - Se nada mais der certo... rs 


See you later!
;)

domingo, fevereiro 05, 2012

Abstract

Domingo é sempre assim... desde que aprendi essa questão toda dos dias da semana. Tem épocas em que eles são bons, outras em que eles são terríveis... rs quando eu tinha que acordar para dar a 2 aula no colégio, era terrível... quando eu folgava na segunda, era lindo. Na verdade, as madrugadas de domingo para segunda eram as melhores... Hoje acordei um pouco passada, com a cabeça no passado. Não que normalmente eu não seja assim, ainda mais aqui, que toda hora lembro da minha família, dos meus amigos e quase todo mundo que ficou no Brasil, mas hoje em especial, acordei chateada, chata. Acho que saber que minha passagem de volta está marcada para o mês que vem, e que eu não volto no mês que vem, me deixou assim. 
Eu não sei explicar como me sinto em relação aqui e ao Brasil. Eu não consigo verbalizar. Racionalmente, é uma besteira eu voltar para um país onde não tenho oportunidades, onde as coisas parecem que não acontecem apesar de todo o meu esforço, dos meus estudos, de tudo. Eu não sei. Aí que no Brasil está tudo que eu preciso. E eu gosto do Brasil, mas não consigo entender como um país dá tão pouca importância à educação. Eu não sou mais uma menina, eu não sei o que vai ser. Sinceramente não sei. Eu sou uma apaixonada, eu amo pintar, eu amo pensar, eu amo tudo que isso envolve, mas é triste não saber muito bem para que lado caminhar. 
Vir para cá, está sendo a maior faculdade da minha vida, eu que já fiz duas, inteirinhas. Aqui eu vejo que é ver outra dimensão de si mesma. É o caos, é loucura. Não falar fluente um idioma, entender 80% do que te falam e não conseguir se expressar nem em 20% é a coisa mais triste. Logo eu que vim para cá num momento de redescoberta ou de renascimento... aqui é como renascer de novo. E eu que nunca gostei muito de mudanças, toda hora tá mudando alguma coisa...aqui toda hora as coisas mudam, as pessoas, eu mesma... todo momento. 
Nem tudo são flores. É uma imersão em si mesmo. Tem horas que só penso na hora que vou voltar para o Brasil. Aí penso, como vai ser chegando no Brasil, que eu não terei emprego, que meu carro não é meu mais, que meu gato pode me estranhar, que eu não vou conseguir viver onde eu vivia. E sinto mais medo do que o medo que sinto estando aqui. 
Eu tava conversando com minha amiga Sara que mora há 15 anos no Japão, ela disse que ainda hoje parece que falta alguma coisa... eu sinto que falta tudo, mas tenho tanto medo de voltar e tenho medo de não voltar. Estou totalmente dividida. Pelas minhas contas, volto em julho, porque é mês do meu aniversário, eu que nunca gostei de aniversário quero passar esse no Brasil, com meu povo. Eu aguentei Natal, Ano Novo, foi tudo punk.
Eu gosto dessa solidão, mas aqui eu sou engolida por ela. 
Por não saber me expressar em inglês. Eu me sinto uma estúpida e eu sei que não sou, mas me sinto, é inconsciente. 
Meu domingo foi assim, com esses pensamentos. 
Fui com meus chefes e as crianças num Pub almoçar, foi bem legal. Depois encontrei com meus amigos e ai foi aquela salada: inglês, português e espanhol...rs mas foi bom conversar. 

Enfim. Estou pintando a tela e fazendo alguns desenhos informais no meu caderninho. Para não ficar chato só a leitura desse desabafo enorme...rs posto esse que foi o primeiro que eu fiz, nesse ano.
Beijos