Domingo é sempre assim... desde que aprendi essa questão toda dos dias da semana. Tem épocas em que eles são bons, outras em que eles são terríveis... rs quando eu tinha que acordar para dar a 2 aula no colégio, era terrível... quando eu folgava na segunda, era lindo. Na verdade, as madrugadas de domingo para segunda eram as melhores... Hoje acordei um pouco passada, com a cabeça no passado. Não que normalmente eu não seja assim, ainda mais aqui, que toda hora lembro da minha família, dos meus amigos e quase todo mundo que ficou no Brasil, mas hoje em especial, acordei chateada, chata. Acho que saber que minha passagem de volta está marcada para o mês que vem, e que eu não volto no mês que vem, me deixou assim.
Eu não sei explicar como me sinto em relação aqui e ao Brasil. Eu não consigo verbalizar. Racionalmente, é uma besteira eu voltar para um país onde não tenho oportunidades, onde as coisas parecem que não acontecem apesar de todo o meu esforço, dos meus estudos, de tudo. Eu não sei. Aí que no Brasil está tudo que eu preciso. E eu gosto do Brasil, mas não consigo entender como um país dá tão pouca importância à educação. Eu não sou mais uma menina, eu não sei o que vai ser. Sinceramente não sei. Eu sou uma apaixonada, eu amo pintar, eu amo pensar, eu amo tudo que isso envolve, mas é triste não saber muito bem para que lado caminhar.
Vir para cá, está sendo a maior faculdade da minha vida, eu que já fiz duas, inteirinhas. Aqui eu vejo que é ver outra dimensão de si mesma. É o caos, é loucura. Não falar fluente um idioma, entender 80% do que te falam e não conseguir se expressar nem em 20% é a coisa mais triste. Logo eu que vim para cá num momento de redescoberta ou de renascimento... aqui é como renascer de novo. E eu que nunca gostei muito de mudanças, toda hora tá mudando alguma coisa...aqui toda hora as coisas mudam, as pessoas, eu mesma... todo momento.
Nem tudo são flores. É uma imersão em si mesmo. Tem horas que só penso na hora que vou voltar para o Brasil. Aí penso, como vai ser chegando no Brasil, que eu não terei emprego, que meu carro não é meu mais, que meu gato pode me estranhar, que eu não vou conseguir viver onde eu vivia. E sinto mais medo do que o medo que sinto estando aqui.
Eu tava conversando com minha amiga Sara que mora há 15 anos no Japão, ela disse que ainda hoje parece que falta alguma coisa... eu sinto que falta tudo, mas tenho tanto medo de voltar e tenho medo de não voltar. Estou totalmente dividida. Pelas minhas contas, volto em julho, porque é mês do meu aniversário, eu que nunca gostei de aniversário quero passar esse no Brasil, com meu povo. Eu aguentei Natal, Ano Novo, foi tudo punk.
Eu gosto dessa solidão, mas aqui eu sou engolida por ela.
Por não saber me expressar em inglês. Eu me sinto uma estúpida e eu sei que não sou, mas me sinto, é inconsciente.
Meu domingo foi assim, com esses pensamentos.
Fui com meus chefes e as crianças num Pub almoçar, foi bem legal. Depois encontrei com meus amigos e ai foi aquela salada: inglês, português e espanhol...rs mas foi bom conversar.
Enfim. Estou pintando a tela e fazendo alguns desenhos informais no meu caderninho. Para não ficar chato só a leitura desse desabafo enorme...rs posto esse que foi o primeiro que eu fiz, nesse ano.
Beijos
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