terça-feira, julho 26, 2016

Ele se foi.

A minha tríplice do amor fechou. Todos se foram. Dentes, Frank e por último o meu guerreiro: Neném.
Ele sempre teve a personalidade forte, adotei ele em março de 2000. Meu Vini, estava sumido por 2 meses e eu sem conseguir ficar sem gato, perguntava a todos quem sabia de alguém que eu estivesse dando um gato. Naquela época não tínhamos os grupos de adoção de animais. Eu trabalhava na TV UNICSUL e perguntava pra todo mundo se alguém sabia de alguém que quisesse doar um gatinho. O Douglas Mansur, fotógrafo, falou que uma conhecida dele tinha, mas eram pequenos, se eu quisesse ele me levava lá. Foi o que aconteceu em um dia, na hora do almoço, cheguei na casa, tinha o Neném com uns quatro meses e uma ninhada nova, ainda mamando. Ela me perguntou o que eu queria, se eu queria ele que já tava grandinho, ou se esperaria até o desmame dos outros gatinhos. Eu não tive dúvidas, quis ele. Ele era preto, como o Vini e a mulher me mostrou o pai dele e a mãe, disse que eram caseiros, não gostavam de sair de casa. Eu amei, tinha sofrido tanto com o Vini que só queria a rua e eu não conseguia controlar. Levei ele embora na mesma hora, ela me deu o pratinho dele, me deu um pouco de ração e me emprestou a casinha de transporte, voltei com ele para o trabalho e de lá fomos pra casa. Passaram 16 anos desde que ele chegou. Foi meu melhor amigo, meu melhor gato, meu companheiro de trabalho nas madrugadas de arte final, maratonas de séries, no frio ele gostava de ficar mais pertinho, no calor gostava de dormir em cima de uma panela de barro do meu pai. Sempre usou o banheiro direitinho, ás vezes marcava território, nunca quis sair de dentro de casa, começou a querer sair qdo viajei e fiquei fora por quase um ano. Ele ia até o meio do quintal e voltava. Eu ligava o skype, ele ouvia a minha voz e miava. Qdo eu cheguei da Irlanda ele me recebeu na porta miando, foi a melhor recepção que eu tive. Na minha ausência ele teve glaucoma, tivemos que extrair o olhinho esquerdo, ai ele veio morar comigo e foi o melhor período de toda a sua vida e da minha tb. Aqui ele foi Rei. Foi diagnosticado com câncer, tomava injeções que freava o seu crescimento. Era cheio de manias: gostava de sentar na frente da TV (significava que ele queria fazer xixi e que um de nós fossemos com ele até a areia), no calor dormia em cima alguns Posters de arte que eu tenho, amava requeijão, na hora do café da manhã já esperava a sua pontinha de requeijão, ai bebia água e ia dormir tranquilo. Adorava deitar no travesseiro do Paulo. Só bebia água nos copos espalhados no banheiro para ele, não gostava quando o box do banheiro ficava fechado. Adorava conversar, respondia tudo o que a gente falava com "mi" ou "hum", adorava carinho na cabeça. Dormia pesado e roncava. Eu levei no meu celular antigo a gravação com o ronco dele e quando eu ficava triste com saudades de casa, colocava bem alto pra me acalmar. Andava batendo as unhas no piso de madeira e a gente ouvia. Eu tenho uma coleção de unhas dele, gatos trocam de unhas, nesses 16 anos, toda unha que eu achava eu guardava. Estou muito triste, tão triste que não sei o que pensar, não sei o que fazer, pra mim é como se uma pessoa da minha família tivesse partido. Eu vinha percebendo que ele tinha emagrecido mais, no mês de junho ele tomou as injeções para o câncer, continuava emagrecendo e as crise de vômito estavam aumentando, nos últimos dias eu ficava até tarde com ele na sala, ou ia dormir e depois voltava pra ficar com ele. Eu estava sentindo que alguma coisa não ia bem. No dia 13 acordei às 4 da manhã com ele miando alto e dolorido, a casa toda vomitada, ele se escondendo e respiração ofegante, achei que perderia ele nesse dia. Ele se recuperou, eu tive medo de levar no veterinário, ele sofria muito pra ir lá, ele foi melhorando, voltando a comer, parando de vomitar. A última vez que tinha vomitado foi no dia 17. Na sexta-feira percebi ele gripadinho, todo inverno ele ficava assim, ele não gostava de cobertor, de nada em cima dele, falei com a Nanci, a Nanci disse pra eu levar ele correndo lá, no sábado. Foi o que eu fiz. Ele estava comendo bem pouquinho e bebendo muita água. No sábado tomou uma injeção com vitaminas e medicamento e na segunda ficou acertado de eu levar pra fazer o exame senil. Foi o que eu fiz. No domingo ele comeu menos ainda. Ontem deu umas lambidinhas no danone que comprei pra ele e no requeijão. Bebeu muito sorinho. Eu sabia que eu ele não viveria. Vi o exame on line e a parte renal tava toda alterada. Passei a madrugada acordada com ele, ele dormia, perdia a consciência, achei que não fosse preciso levá-lo no Vet. mas qdo deu seis horas ele ainda agonizava. Esperamos dar 8 horas e fomos. Ele lá, respirando baixinho, profundamente. Ele não queria ir. Eu rezei tanto pra ele partir, pra ele não sofrer, a madrugada toda com meu menino tentando deixar ele livre para ir, ele lutou até o último momento. Seus rins pararam. Seu fígado tava parando. O seu corpinho tava parando de funcionar e ele não queria partir. Tive que pedir pra fazerem o que era preciso e acabar com a agonia dele. Dr. Paulo disse que não tinha mais o que fazer. Deram um sedativo e depois ele foi embora. Sem mais dor. Eu e o Paulo estivemos do lado dele o tempo todo e a minha vontade agora é de gritar, gritar bem alto e de sumir também. Me sinto vazia, tem esse silêncio de morte, tem as coisinhas dele, tem a Lolla estranhando tudo, tem o concurso do Spoleto que eu continuo tendo que me engajar se não corro o risco de perder. Eu estou acabada. 16 anos do mais puro amor, eu queria dar um jeito de pausar tudo e voltar depois de entender como algo pode doer tanto, como a falta pode ser tão grande, como o vazio pode ser tão enorme e tão sentido?
Te amo meu Neném. Te amo e vc fica pra sempre em mim.<3 p="">




Nenhum comentário: