sexta-feira, janeiro 02, 2015

Dia 1

Uma das minhas primeiras resoluções para esse ano foi dar um tempo de Facebook.
Resolvi isso por perceber que muitas postagens mais me irritam do que qualquer outra coisa, pode ter sido também o calor. Aqui em SP anda fazendo um calor que é insuportável para quem gosta tanto do frio como eu. Sinto muita falta da minha amada Irlanda, todos os dias sinto, mas quando o calor é assim, sinto um pouquinho mais.

Vou postar aqui no decorrer desses dez dias. O meu desejo é entrar o minimo possível e não fazer nenhuma postagem. Não responder comentários, não responder mensagens, ficar alheia mesmo a esse mundo "virtual".

Nesse ano de 2014 pude lidar com vários sentimentos, a impressão que tive foi de um ano de testes.
Foram tantas decepções, tantas, tantas, que não consegui contabilizar. Em nenhum momento senti ou sinto dentro de mim uma chama me pedindo para correr atrás dessas relações ou pedir algum tipo de desculpas. Eu sou assim, se sinto vou, faço, supero e pronto. As decepções foram todas porque criei expectativas em relação ás pessoas, expectativas alimentadas por relações de carinho, por mídias sociais, por eu esperar das pessoas ações que eu acho que eu teria. Foram muitos casos, muitas promessas vazias, muita vontade de me isolar e ficar sozinha. Nisso tudo consegui me achar, me estudar, chegar tão fundo em mim que em alguns momentos tive medo, mas me mantive firme, buscando em mim a resposta.
 Por isso o ano de 2014 foi bom. Agradeço a ele (2014), o melhor de mim, o meu amadurecimento, vem com as decepções que tenho. Vejo isso a cada dia que passa. Deixo vocês com um trecho da Clarice Lispector:

A Lucidez Perigosa 

Estou sentindo uma clareza tão grande 
que me anula como pessoa atual e comum: 
é uma lucidez vazia, como explicar? 
Assim como um cálculo matemático perfeito 
do qual, no entanto, não se precise. 
Estou por assim dizer 
vendo claramente o vazio. 
E nem entendo aquilo que entendo: 
pois estou infinitamente maior que eu mesma, 
e não me alcanço. 
Além do que: 
que faço dessa lucidez? 
Sei também que esta minha lucidez 
pode-se tornar o inferno humano 
- já me aconteceu antes. 
Pois sei que 
- em termos de nossa diária 
e permanente acomodação 
resignada à irrealidade - 
essa clareza de realidade 
é um risco. 
Apagai, pois, minha flama, Deus, 
porque ela não me serve para viver os dias. 
Ajudai-me a de novo consistir 
dos modos possíveis. 
Eu consisto, 
eu consisto, 
amém.
Clarice Lispector LISPECTOR, C. A Descoberta do Mundo . 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.




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